Sy Gomes
Sy Gomes (1999) é uma travesti negra nascida em Eusébio, no bairro Coaçu, que significa Folha Grande, mesmo nome dado à lagoa e ao rio que corre nesse território.



“ME PERGUNTO SE NO PASSADO ÉRAMOS PLANTAS”, por Sy Gomes
Desde 2016 trabalho com múltiplas linguagens, como: música,performance, arte gráfica, arte digital, instalação e vídeo.Porém, só a partir de 2019 tenho me identificado enquanto artista visual, entendendo essa denominação como um território de disputa.Percebo minhas pesquisas artísticas como grandes atos performativos, períodos, séries ou fases. Acredito que nesse ponto me assemelho à cultura da música pop, em que as artistas, criam “eras” para melhor falar de seus trabalhos. A exemplo disso, o processo “Panfletário-Sy” já totaliza 4 anos desde a primeira intervenção com lambes, tendo sido aplicado em panfletos, faixas, posters e a mais famosa intervenção, de2020, chamada “Me vejam de longe – Outdoor Travesti”, em que 5outdoors foram instalados em Fortaleza, reivindicando vidas travestis.





Nesse sentido, entendo “Travestis são como plantas”, como a segunda mais longa pesquisa visual em meu processo. Se reúnem neste título cerca de dois textos, três instalações, quatro painéis pintados em papel e duas performances, além de desenhos e rascunhos. A obra “PLANTAS DE CASA VINTE VINTE”(2021), retrata bem a forma como penso sobre essa pesquisa,pois se trata de uma performance que foi realizada na Praça das Flores em Fortaleza, uma praça que tem diversos boxes de venda de plantas de sol e de sombra. Ao adentrar em um desses oásis, no meio da urbanidade, eu negocio, através de sons guturais, o alongamento da minha vida ao mesmo tempo que troco e aprendo como sobreviver e brotar na urbe, no asfalto, na cidade.
Além disso, mais recentemente tenho me reconciliado com minha formação acadêmica, que foi em História, pela Universidade Federal do Ceará, através de alguns trabalhos que discutem a memória monumental, memória panfletária e memória LGBTQIA +. A foto-performance “IOIÔ NÃO VAI VOTAR” (2022), estampou capas de jornal e notícias diversas, por problematizar a história do Bode que foi eleito vereador de Fortaleza no começo do século XX e a ausência de vereanças trans, criando uma relação também com o Museu do Ceará, que segue fechado.Por fim, posso citar minha atual pesquisa chamada “Receita para criar novas espécies” (2022-presente), que consiste numa coleção de procedimentos para deixar de ser humana e me desvencilhar da história e do futuro inventado pela humanidade, problematizando o antropoceno, as comunicações e o tempo, criando obras que se decompõem, se modificam e acontecem sob a égide da efemeridade. O trabalho “E se eu virasse o mundo de vocês de cabeça para baixo?/What if I turnyour world upside down?” (2022), foi o começo dessa pesquisa,que contém um texto-manifesto e já integra outras 3 manifestações.
Modificação constante, efemeridade, força, luta política e desejo, são alguns dos elementos que mobilizo através de minha obra.

Residências, laboratórios e prêmios
Participou da 8° edição do Laboratório de Artes Visuais do Porto Iracema das Artes (2020).
Exposições
Foi parte do 71° e do 73º Salão de Abril (2020 e 2022), da 21° Unifor Plástica (2021), das exposições coletivas: “Elementos para uma cirurgia no coração” (Porto Dragão), “Rarefeito” (Sobrado DR. José Lourenço), “Corpo crivado de estrelas” (Galeria Leonardo Leal), “Encantadas” (Schwules Museum – Berlim), “Se Arar” (Pinacoteca do Ceará) e “Reflorestamento” (Museu de Arte Contemporânea do Ceará – MAC Dragão).




Mais sobre Sy Gomes
Música, performance, instalação, criação ritualística, produção cultural e musical, design e paisagismo estão entre suas obras/pesquisas. É formada em História pela Universidade Federal do Ceará – UFC (2020). Realiza atualmente uma Pós-Graduação em Gestão Cultural, pelo Instituto Singularidades e Itaú Cultural.


Contatos
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